Tarô é um oráculo de esclarecimento e orientação da vida humana. |
Preconceitos como o
racial, o social e o sexual são, com toda a razão, muito discutidos em nossa sociedade.
Mas é preciso lembrar que outros tipos de discriminação precisam ser
combatidos, e um desses exemplos é o vivido com o tarô.
O senso comum criou uma
imagem desse exercício que o caracteriza como uma grande oportunidade para
golpistas. Mas deve-se lembrar de que assim como em qualquer outra prática e
profissão, seja a medicina ou a administração, no tarô existem bons e maus
profissionais e é preciso identificar quais deles partem de um pressuposto
ético e responsável para exercer sua função.
Um bom profissional do
tarô busca utilizar sua técnica para orientar uma pessoa. Danielle Conde, 29, é
taróloga e sócia-fundadora do Triluna Espaço Terapêutico – ambiente que visa à
integridade do ser de forma holística – e afirma que o objetivo principal do
tarô é “lidar com a espiritualidade do humano para fazê-lo trabalhar melhor com
as consequências da vida”.
Engana-se quem pensa
que o tarô está relacionado ao destino. Assim como a física newtoniana, ele parte
do pressuposto da lei da ação e reação. Munique Padilha, 36 anos e taróloga,
diz que “a vida é um livre arbítrio, as pessoas têm escolhas e pagam por todas
elas” e ainda lembra que “destino não tem o mesmo significado que resgate
espiritual”.
O tarô funciona como um
jogo de tabuleiro, onde cada uma das 78 cartas de um baralho carrega um
significado: Os 22 arcanos maiores são arquétipos (modelos básicos) que representam
as fases e possibilidades de vida de uma pessoa. Os 56 arcanos menores estão
divididos em quatro naipes de 14 cartas cada, quatro cartas da corte (pajem ou
valete, cavaleiro, rainha e rei) que representam a personalidade da pessoa e 10
cartas numeradas e sequenciadas (de 1 a 10), cada qual com o seu significado, que
detalham os arcanos maiores.
Cada naipe se traduz em
um elemento fundamental e algumas características: O de copas é a água e
representa as emoções e sentimentos; o naipe de paus é o fogo e simboliza a
criatividade, a iniciativa e as ações; já o de ouros é a terra e está
relacionado com a vida material. Por último, o naipe de espadas é o ar e
demonstra o plano mental da pessoa.
Assim como qualquer
outra prática espiritual ou religiosa, o tarô também deve ser considerado como
uma forma de terapia, esclarecimento e orientação.
Débora Goya, 27, é
sócia de Danielle Conde no Triluna Espaço Terapêutico e lembra “que tudo
depende de nós mesmos. A verdadeira força e poder reside dentro de nós e o que
proponho através do tarô é mostrar esse caminho que muitas vezes pode estar
confuso, encobrindo nossas potencialidades e nos impedindo de termos uma visão
clara daquilo que realmente somos”. Débora acredita que esta perca de caminho é
causada “devido à correria diária, turbulências e outras coisas”.
Vale lembrar que o
tarô, ao contrário do búzios, não está relacionado a nenhuma religião. Munique
diz que tem “clientes de diversas religiões” e que precisou aprender a
trabalhar com cada uma delas, “descobrindo uma forma de estabelecer uma mesma
mensagem em diferentes crenças”.
Cada vez mais as
grandes mídias abordam práticas esotéricas como forma de entretenimento – o
tarô, por exemplo, já foi ilustrado em mais de uma novela – mas ao mesmo tempo
em que esta exposição divulga e aumenta a curiosidade sobre estas técnicas, ela
também retrata um pouco do mais do mesmo, fazendo com que a visão
preconceituosa sobre o seu método continue existindo.
A procura por novos
tipos de terapias cresce a cada dia e por isso o tarô tende a se desenvolver,
mas, para isso acontecer, o preconceito que essa prática precisa acabar e o
fato de que o tarô é um oráculo de esclarecimento e orientação para o melhor
caminho da vida humana deve ser divulgado e utilizado.