14 de maio de 2012

Preconceito contra o tarô deve acabar

Prática cresce a cada dia no Brasil, mas o tabu a sua volta ainda persiste.

Divulgação Triluna Espaço Terapêutico
Tarô é um oráculo de esclarecimento e orientação da vida humana.

 Preconceitos como o racial, o social e o sexual são, com toda a razão, muito discutidos em nossa sociedade. Mas é preciso lembrar que outros tipos de discriminação precisam ser combatidos, e um desses exemplos é o vivido com o tarô.
O senso comum criou uma imagem desse exercício que o caracteriza como uma grande oportunidade para golpistas. Mas deve-se lembrar de que assim como em qualquer outra prática e profissão, seja a medicina ou a administração, no tarô existem bons e maus profissionais e é preciso identificar quais deles partem de um pressuposto ético e responsável para exercer sua função.
Um bom profissional do tarô busca utilizar sua técnica para orientar uma pessoa. Danielle Conde, 29, é taróloga e sócia-fundadora do Triluna Espaço Terapêutico – ambiente que visa à integridade do ser de forma holística – e afirma que o objetivo principal do tarô é “lidar com a espiritualidade do humano para fazê-lo trabalhar melhor com as consequências da vida”.
Engana-se quem pensa que o tarô está relacionado ao destino. Assim como a física newtoniana, ele parte do pressuposto da lei da ação e reação. Munique Padilha, 36 anos e taróloga, diz que “a vida é um livre arbítrio, as pessoas têm escolhas e pagam por todas elas” e ainda lembra que “destino não tem o mesmo significado que resgate espiritual”.
 O tarô funciona como um jogo de tabuleiro, onde cada uma das 78 cartas de um baralho carrega um significado: Os 22 arcanos maiores são arquétipos (modelos básicos) que representam as fases e possibilidades de vida de uma pessoa. Os 56 arcanos menores estão divididos em quatro naipes de 14 cartas cada, quatro cartas da corte (pajem ou valete, cavaleiro, rainha e rei) que representam a personalidade da pessoa e 10 cartas numeradas e sequenciadas (de 1 a 10), cada qual com o seu significado, que detalham os arcanos maiores.
Cada naipe se traduz em um elemento fundamental e algumas características: O de copas é a água e representa as emoções e sentimentos; o naipe de paus é o fogo e simboliza a criatividade, a iniciativa e as ações; já o de ouros é a terra e está relacionado com a vida material. Por último, o naipe de espadas é o ar e demonstra o plano mental da pessoa.
Assim como qualquer outra prática espiritual ou religiosa, o tarô também deve ser considerado como uma forma de terapia, esclarecimento e orientação.
Débora Goya, 27, é sócia de Danielle Conde no Triluna Espaço Terapêutico e lembra “que tudo depende de nós mesmos. A verdadeira força e poder reside dentro de nós e o que proponho através do tarô é mostrar esse caminho que muitas vezes pode estar confuso, encobrindo nossas potencialidades e nos impedindo de termos uma visão clara daquilo que realmente somos”. Débora acredita que esta perca de caminho é causada “devido à correria diária, turbulências e outras coisas”.
Vale lembrar que o tarô, ao contrário do búzios, não está relacionado a nenhuma religião. Munique diz que tem “clientes de diversas religiões” e que precisou aprender a trabalhar com cada uma delas, “descobrindo uma forma de estabelecer uma mesma mensagem em diferentes crenças”.
Cada vez mais as grandes mídias abordam práticas esotéricas como forma de entretenimento – o tarô, por exemplo, já foi ilustrado em mais de uma novela – mas ao mesmo tempo em que esta exposição divulga e aumenta a curiosidade sobre estas técnicas, ela também retrata um pouco do mais do mesmo, fazendo com que a visão preconceituosa sobre o seu método continue existindo.
A procura por novos tipos de terapias cresce a cada dia e por isso o tarô tende a se desenvolver, mas, para isso acontecer, o preconceito que essa prática precisa acabar e o fato de que o tarô é um oráculo de esclarecimento e orientação para o melhor caminho da vida humana deve ser divulgado e utilizado.