Partida mostrou que Neymar ainda não tem o poder de decisão que os craques
devem ter
Créditos: Mowa Press
Joia santista lamenta chance perdida em amistoso contra Argentina |
O jogo deste sábado
entre Brasil e Argentina serviu para demonstrar alguns fatores das duas
seleções. Primeiramente, o fato de que as duas defesas são fracas: a argentina
composta por jovens jogadores mostrou não ter base de posicionamento e de
cobertura, principalmente Fernandez – autor do terceiro gol – que mais
atrapalhou do que ajudou o ex-promessa do Real Madrid, Garay.
A diferença entre os
dois miolos de zaga é que, estes 4 jogadores argentinos são os melhores que
eles podem ter, enquanto que a seleção de Mano Menezes jogou desfalcada de Dani
Alves, David Luiz e Thiago Silva.
Além disso, a dupla de
volantes da seleção canarinha mostrou-se um desastre em termos de saída de jogo
e de troca de marcação, sobretudo, quando a equipe adversária não tem um
jogador que centraliza as jogadas, um verdadeiro “camisa 10”, como foi o caso
da Argentina, que mesmo que contasse com Dí Maria na armação, transformou o
jogador em um ponta L invertido (que joga do meio cortando para um dos lados,
no caso o direito).
O amistoso também serviu
para que as diversas fraquezas hermanas fossem evidenciadas, a principal dela,
fora a defesa já comentada, tem a ver com a falta de criatividade da equipe,
que tem apenas Messi como referência, jogando de forma solta, sem marcar
ninguém.
Mas o ponto mais
positivo deste jogo foi à realização do primeiro verdadeiro e justo confronto
entre Messi e Neymar – o jogo final do Mundial Interclubes de 2011 não foi
justo, pois Messi contava com jogadores do calibre de Xavi, Iniesta e Sanchez o
municiando.
Neymar jogou muito
melhor do que Messi. Evidente que não marcou três gols, incluindo uma pintura,
e nem decidiu a partida, mas Neymar se movimentou muito bem, buscou jogadas,
tabelou com Oscar, deixou Hulk na cara do gol por duas vezes e ainda criou
várias chances reais de aumentar o placar.
A grande diferença
observada ficou no poder de decisão e concentração que Neymar ainda
(enfatizando o ainda) não tem. Messi teve duas bolas colocadas em seu pé e
marcou seus dois primeiros gols e ainda mostrou toda sua qualidade ao
determinar o resultado da partida no quarto gol de sua equipe. Neymar, como
disse anteriormente, não conseguiu aproveitar as oportunidades criadas e este
foi um dos fatores que resultaram na segunda derrota seguida da Seleção
Brasileira.
Este jogo foi apenas
mais uma amostra de que Neymar deve ir jogar na Europa para poder tornar-se
tudo aquilo que ele e a mídia prometem que seja.
Jogando em uma das
maiores ligas do planeta, Neymar entenderia que todo jogo é decisivo. Um
exemplo: Messi sabe que toda oportunidade que ele perca pode fazer com que o
Barcelona perca a partida, que o Real Madrid abra vantagem no Campeonato
Espanhol, o que faz com que a torcida e a imprensa o critique e o prêmio de
melhor jogador do mundo fique mais distante.
No Brasil Neymar é rei
(e não que isso não seja mérito do garoto). Não importe quantos gols ele perca
ou quão mal ele jogue o jogador nunca será criticado. Além disso, ele não tem
nenhum parâmetro para comparação e isto pode prejudicar seu jogo. O mundo, em
todos os sentidos, vive por competição. No mundo da informática, por exemplo, a
Apple sabe que não pode bobear na criação de novas tecnologias, pois perderá
seu espaço para a Microsoft ou a Google e vice-versa.
No futebol brasileiro,
Neymar não precisa se preocupar em se desenvolver cada vez mais, em estudar
táticas diferentes, em compreender movimentações defensivas ou qualquer outra
coisa, pois todos, incluindo ele mesmo, sabem que a joia santista será o melhor
jogador de qualquer campeonato de dispute.
Defendo esta teoria de
o melhor para a Seleção Brasileira e para o futebol de Neymar seja ir jogar na
Europa, enfrentando os melhores zagueiros do mundo, mas também vejo pontos
positivos em sua estadia no Brasil.
Com o jogador no Santos
até 2014, o futebol nacional tende a se desenvolver cada vez mais, tornando-se
um dos alvos de procura para os jogadores de todo mundo. Isto também faria com
os jovens torcedores do país se interessem cada vez mais pelo futebol e voltem
a ter um ídolo absoluto (como discutido há 10 meses aqui no blog).
Esta dúvida do que é
melhor para o futebol brasileiro e para Neymar parece que persistirá por mais
alguns meses ou anos e, por isso, não posso colocar minha opinião como a
correta.